A perda da dignidade ou esta M... não tem solução

31-08-2013 16:17

Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira

A perda dos mais elementares padrões que deveriam nortear o ser humano é fruto de sua degradação moral e ocorre de forma paulatina.

A deteriorização, por ser de foro íntimo, não dói, pelo contrário, ao desprender - se de determinadas restrições, o individuo ficará apenas sob os reclamos de sua consciência, a qual ouvirá ou não.

Aos pobres de espírito, apartados das leis divinas, os alertas de sua percepção interior de que está cometendo algum erro serão devidamente expurgados.

Aos poucos, o sem - caráter cria uma barreira de falta de escrúpulos, e sem qualquer limite espiritual ou material, segue em frente.

Caberia na falta do patrulhamento individual, o julgamento dos outros para coibir o finório, contudo, se a sociedade não tem meios, nem capacidade para admoestá - lo, o torpe, sob o manto da impunidade, poderá praticar as maiores barbaridades

As sociedades, para distribuir justiça e determinar padrões para os seus integrantes, elaboram regras e leis que emanam da autoridade soberana, e impõem a todos os indivíduos, a obrigação de submeter - se a elas, sob pena de sofrerem as sanções previstas.

Assim, para a convivência cordata e pacífica, na esperança de evitar abusos e distribuir Justiça, as leis foram criadas por uma sociedade para atender os seus anseios comuns.

Evidentemente, pelos diferentes costumes, religiões e particularidades, inclusive históricas, as leis estabelecidas por uma sociedade podem não atender a outras, contudo, os princípios básicos, como a diferença entre o bem e o mal, são universais.

O fenômeno geral de uma sociedade capaz de aceitar viver sob um contexto que agride despudoradamente o espírito da lei é catastrófico. De fato, podemos considerar que esta débil sociedade não tem os atributos para ser nomeada como uma Nação.

Mas quando tal barbárie pode ocorrer?

Em primeiro, devemos considerar que semelhante distorção é fruto de uma paulatina falta de honradez e do abandono dos valores e qualificações que deveriam amparar o ser humano, as quais foram relegadas a um segundo plano.

Hoje, ao assistirmos à permanência no mandato do Deputado Donadon por opção de seus pares, ou pela insuficiência de votos para expurgá – lo do cargo, o Legislativo não apenas posta – se contra o Poder Judiciário que o condenou, e ainda faz muito mais: volta - se contra o próprio espírito da lei.

Nada mais acintoso e deprimente do que testemunhar que a inqualificável decisão do Legislativo, não se baseou em diferente interpretação da lei, mas simplesmente no seu descumprimento.

Não vamos falar sobre a impunidade do Deputado, fato explícito, mas dimensionar a triste realidade que foi a decisão de acobertamento de um parlamentar justamente condenado pelo Poder Judiciário.

Ou seja, além do escabroso atropelamento da lei, tivemos o acintoso e flagrante desafio a outro Poder da República.

Se não chegamos ao fundo do poço, pois tudo sempre pode piorar, estamos próximos.

Infelizmente, a dura realidade é que a partir do jeitoso modo de sobreviver do nativo, convivemos nas últimas décadas com uma permissividade e uma pusilanimidade que foram encaminhados para a perda da dignidade que ora nos cerca.

Portanto, é nítido que os maus - costumes, a falta de honradez e de responsabilidade forjaram uma deformação no cidadão, pronto para aceitar o que hoje engolimos sem a menor reação.

Diante de quadro tão funesto, pouco nos resta de esperança de que este rascunho mal engendrado de Nação, um dia atinja o nível que os poucos não cooptados gostariam.

Resta - nos esperar pelo pior ou revoltar - se contra a esbórnia política, econômica e moral que nos massacra.

Como diz um descrente filósofo que admiramos: “esta M... não tem solução”.

Pelo jeito, só com a volta do Lula.

Ah! Ah! Ah!... Ah!

Brasília, DF, 30 de agosto de 2013